JÁ OUVIU FALAR DE ALIMENTAÇÃO VIVA?
Alimentação viva ou crua (raw vegan food), também conhecida como crudivorismo, será mais uma nova moda de dieta ou um modelo a seguir?
Na alimentação viva damos prevalência ao consumo de alimentos alcalinos, no seu estado mais fresco, puro e natural – cru. Nesta alimentação não entra qualquer alimento de origem animal, nem produtos processados, refinados ou cozinhados acima dos 46 graus, permitindo desta forma preservar todas as vitaminas e minerais neles contidos. Assim evitamos a perda de nutrientes através do processo de cozedura ou, noutro sentido, a introdução artificial dos mesmos quando se tratam de alimentos processados (como cereais de pequeno almoço, por exemplo).
Quando falamos em Raw Food falamos essencialmente de frutas, vegetais, frutos secos e sementes (ativados e germinados), mas também de algas, fermentados, grãos e leguminosas que após ativados e germinados podem ser consumidos crus – como grão de bico, lentilhas, ervilhas, quinoa, trigo sarraceno, feijão mungo ou adzuki. A acrescentar a esta lista temos os superalimentos – muitas vezes em forma de pó – que dão muita vida e saúde aos smoothies e sobremesas cruas, como o cacao cru, a maca, a spirulina, a ashwagandha, o açaí, a matcha, a moringa, etc. E, por fim, as especiarias vêm atribuir aos pratos da cozinha crudívora gourmet todo o sabor a que já estamos acostumados.
© Joana Rocha
O ideal é, de facto, consumirmos estes alimentos no seu estado mais puro, pois desta forma estamos a aproveitar não só todos os nutrientes, como também toda a água neles contida que é essencial para manter um corpo naturalmente hidratado. Porém, por todo o mundo são cada vez mais os restaurantes Raw Food Gourmet a surgirem e que estão a revolucionar o panorama gastronómico um pouco por todo o mundo.
A desidratação é o método de “cruzinhar” os alimentos, usando para o efeito um desidratador que vai eliminando a água contida nesses alimentos mais frescos de uma forma gradual, permitindo assim criar pratos similares aos da culinária convencional, mas de uma forma muito mais natural e nutritiva. É possível criar granola, pão, pizzas, feijoada, bolinhos, etc. apenas com os ingredientes listados em cima e sem desperdiçar, portanto, aquilo que é tão vital para a sobrevivência humana: as enzimas.
© Joana Rocha
De facto, ao cozinharmos a altas temperaturas estamos a destruir não só nutrientes como também as enzimas naturalmente presentes nos alimentos, nomeadamente enzimas digestivas que são essenciais ao funcionamento do sistema gastrointestinal. E porque é tão importante manter estas enzimas biodisponíveis? Porque cerca de 75-80% do sistema imunitário está localizado no sistema digestivo e, portanto, é essencial o seu fortalecimento através dos nossos hábitos alimentares.
Produtos de origem animal (carne, peixe, ovos, laticínios), açúcar, café, álcool e alguns grãos como o trigo, bem como medicamentos e vacinas, são altamente acidificantes para o organismo e, portanto, enfraquecem o sistema imunitário e potenciam o aparecimento de doenças. Pelo contrário, a alimentação viva reforça o sistema imunitário, sendo riquíssima em alimentos alcalinos e antioxidantes.
– nutrem e reparam as células e os órgãos internos;
– fornecem maior hidratação para o corpo com qualidade superior à da água, pois a maioria à venda apresenta um PH ácido;
– facilitam a digestão;
– promovem o bom funcionamento do intestino, pois são ricos em fibra;
– reforçam os ossos e o sistema imunitário;
– limpam o corpo de toxinas;
– retardam o envelhecimento;
– contribuem para manutenção do peso;
– permitem uma maior clareza e estabilidade mental;
– aumentam substancialmente a qualidade do sono;
– permitem reverter naturalmente a maioria das doenças, incluindo algumas referidas como autoimunes;
– permitem maior conexão entre o corpo, a mente e o espírito.
A MINHA EXPERIÊNCIA COM A COMIDA CRUA
Quando cheguei a este conceito de alimentação em 2014 e depois de perceber os inúmeros benefícios que milhares de pessoas estavam a experienciar ao nível da saúde, decidi “ver para crer”. Cortei de imediato com a carne, que já comia esporadicamente, leite já não consumia há bastantes anos e peixe, mariscos, queijo e pão passaram a ser consumidos apenas em jantares com amigos ou por motivos profissionais. Passei a consumir cerca de 2 a 3 kg de frutas variadas por dia, bastantes vegetais e legumes sobretudo de folha verde (alface, rúcula, agrião, espinafres, couves) em saladas, sumos e smoothies. Também reduzi o consumo de gordura e acrescentei os superalimentos na minha alimentação.
Após começar com esta dieta – que hoje considero um estilo de vida e sigo-a integralmente –, fui experienciando um aumento de energia constante, a depressão que já durava há mais de 15 anos – com os seus altos e baixos – aos poucos ia sendo substituída por alegria e motivação em viver, a obsessão com a comida e a imagem de mim própria que me fez sofrer de bulimia durante 10 anos foi substituída pelo respeito que passei a ter em relação à comida que coloco no meu corpo.
A juntar à depressão e à bulimia, sofria de bronquite asmática desde os 10 meses de idade que simplesmente desapareceu. As viagens entre Lisboa e Angola, que sempre originavam uma crise asmática ou mera constipação devido às diferenças de temperatura e humidade, passaram a ser feitas com tranquilidade e sem qualquer tipo de recaída. Também os problemas intestinais como prisão de ventre melhoraram substancialmente – embora ainda esteja em recuperação. Desidratação e pele seca, problemas de memória, oscilações de peso constantes, dores de pós-operatório, dores menstruais… tudo são exemplos do que fui revertendo ao longo de 4 anos.
Mudanças de hábitos são uma jornada de foco e persistência e podem ser um longo caminho a percorrer. E se iniciei com a alimentação viva por questões de saúde, hoje faço-o também em nome da sustentabilidade do planeta e por respeito aos animais. Mas o passo mais importante é, de facto, nutrirmos amor por nós próprios de forma incondicional e isso passa, necessariamente, por ter uma maior consciência sobre o que estamos a colocar dentro do nosso templo sagrado, o nosso corpo. Este é o nosso templo para o resto da vida e se não formos nós a cuidar dele, quem cuidará?
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