O “SUBMUNDO” DA VENDA DO CABELO HUMANO

Omercado das extensões explodiu drasticamente.

Nos dias de hoje, não há quem não queira ter um longo e sedoso cabelo, num “piscar de olhos”.

A procura é incessante, por isso a oferta tem que acompanhar, chegando 1 kg de cabelo humano a valer em média 1000 usd.

Na indústria do entretenimento e da moda, as extensões estão em todo o lado.

A aplicação “Fio a fio”, em cabeças de celebridades como Naomi Campbell, Sarah Jessica Parker e Kylie Jenner (citando algumas), muitas vezes, poderá chegar a valores astronómicos como 50 mil dólares.

São várias as mulheres que gastam o que tiver que ser para atingir o look que pretendem. Não querem nem saber de onde vem o cabelo que lhes vai parar à cabeça. Existe algo íntimo e transformador em usar o cabelo de outra pessoa, mas a que preço? Será que a indústria das extensões de cabelo humano está a violar (em grande parte) os direitos humanos das mulheres, provenientes de países mais pobres, que vendem ou doam o cabelo? E em que condições o fazem?

© Nunkui

Fomos descobrir  – através de documentários, pesquisas e no “terreno” – o que está por trás das glamorosa extensões, que também eu (sem parar para pensar), já as usei.

É muito difícil precisar com exatidão de onde vem a maior parte do cabelo humano que está à venda no mercado, porque este negócio de biliões sempre foi pouco claro e evidente.

Segundo o The New York Times, na Colômbia: mulheres desesperadas, vendem o seu cabelo para sobreviver; assim como na Rússia; já a CNN, refere o facto de na Venezuela, as mulheres serem atacadas por ladrões que cortam-lhes o cabelo.

Quanto ao Vietname, “ganha” pela negativa! Os vendedores de cabelo não oferecem nada às mulheres.  São simplesmente violadas, e os mesmos, fogem a seguir.

O secretismo de quem vende o cabelo – que muitas vezes – não sabe mesmo qual a sua origem (nem quer saber) – é que é a “alma do negócio”.

Se cada um de nós, fizer a sua parte, e começar a perguntar de onde vem o cabelo que pretende comprar e exigir saber de que país vem, já é um começo.

Pelo menos tentarmos comprar extensões provenientes de países mais “protegidos”, em detrimento de outros, ditos mais “vulneráveis, , faz a diferença neste mercado do “ouro negro”. E contribuímos, com um “pequeno” mas grande gesto, para um mundo melhor e mais justo.

Casos como o da Remy New York (marca de extensões, fundada por Dan Choi de origem vietnamita.), têm que ser divulgados.

A Remy New York procura ser uma “voz” diferente de todas as outras – mais ética e transparente – destacando-se das demais.

A origem do cabelo é de pessoas mortas, não entrando em usurpação, aproveitamento ou violação de mulheres que se encontram numa situação mais vulnerável e desprotegida. Compram o cabelo a  quem entra em contacto e quer cortar o cabelo, para mudar de vida, pagar os estudos, ou até mesmo ajudar a família. E pagam um preço verdadeiramente justo, em relação aos demais.

Dan já mudou a vida de muitas mulheres, em todo o Vietname.

Refinery29

Viajando até à India, chegamos ao país que é considerado o mais “ético” na venda de cabelo humano. O seu posicionamento torna-se crucial na indústria, sendo que a maior parte do cabelo comercializado a nível mundial é de origem indiana.

Todos os dias centenas de devotos de todas as faixas etárias visitam o templo Hindu de Tirumala, situado na cidade de Tirupati, localizado no estado de Andra Pradexe – o mais concorrido do país para doar cabelos, um número que pode atingir as 25 mil pessoas, por dia. O cabelo é recolhido (várias vezes ao dia) e armazenado no templo até ao leilão global, onde compradores de todo o mundo lutam pelas maiores quantidades. Consta que o cabelo vai maioritariamente para empresas farmacêuticas e de cosmética da Alemanha e Itália, onde é lavado, purificado, despigmentado e tingido, seguindo para os 4 cantos do globo.

© Nunkui

Templos com este chegam a faturar milhões anuais. Apesar de receberem dinheiro que é inserido dentro e para a comunidade, a exportação para países ditos desenvolvidos, rende aos mesmos quantidades exorpitantes.

De acordo com as Nações Unidas, em 2012, a exportação de cabelos humanos rendeu à Índia USD 721 milhões.

© Nunkui

Em 2013, Angola foi o 12.º país a importar mais cabelos da Índia, segundo os dados da ONU, mais de 171 toneladas, num total de USD 3,168 milhões. O segundo maior parceiro neste sector é a China, que, no mesmo período, exportou mais de 63 toneladas de cabelo para Angola, no valor aproximado de USD 272 mil.

PUB