SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE – PÉROLA DE ÁFRICA

CCom cenários de rara beleza e paisagens idílicas vestidas de verde, poderá descobrir um verdadeiro paraíso e deixar-se levar ao sabor das praias de água cristalina que unem quietude e plenitude. Uma viagem de autenticidade, reencontro consigo próprio e com a natureza.

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE - PÉROLA DE ÁFRICA | Baiga Magazine© Nunkui

Situado no Oceano Atlântico, junto ao golfo da Guiné, São Tomé e Príncipe é formado pela ilha de São Tomé, ilha do Príncipe e por cerca de uma dezena de ilhéus, tendo no ilhéu das Rolas o seu ilhéu mais conhecido e, consequentemente, mais procurado pelos turistas estrangeiros. A origem vulcânica está bem patente nos morros, cones e picos, sendo o clima quente e húmido, com chuvas abundantes e variações entre os 21°C e os 31°C.

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Com cerca de 160 mil habitantes, as ilhas estiveram desabitadas até 1470, quando os navegadores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar as descobriram. A agricultura só foi estimulada no arquipélago no século XIX, com o cultivo de cacau e café, sendo atribuído este feito a João Baptista da Silva Lagos.

O próprio britânico William Cadbury, responsável pela poderosa indústria dos chocolates Cadbury, também marcou presença em São Tomé e Príncipe.

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Mas o mestre contemporâneo do cacau, que faz maravilhas com o fruto e até já adquiriu fama mundial, é, nada mais nada menos, do que Claudio Corallo. Sim! Não podíamos deixar de marcar um encontro informal com o próprio fundador. Com 40 anos de experiência na produção de café e chocolate, Claudio trabalhou principalmente em África e, durante períodos mais curtos, na América Latina (Bolívia).

Em 1974, com 23 anos, mudou-se para o Zaire, em Angola, e após vários anos a trabalhar na indústria do café, adquiriu as suas próprias plantações no centro do país. Nos melhores anos, a produção foi de cerca de 880 toneladas de café da mais elevada qualidade, que era exportado e apreciado em todo o mundo. Quando a situação política no Zaire se começou a deteriorar, nos anos 90, Corallo passou a trabalhar em São Tomé e Príncipe. Inicialmente, o seu objetivo era usar o vasto conhecimento que tinha da produção de café para produzir cacau. Atualmente, o resultado final é um chocolate único no mundo. Não só porque é o único chocolate feito verdadeiramente da plantação a tablete, mas também porque é o chocolate mais puro que existe no mercado. Este italiano com alma africana sempre acreditou que a única maneira de criar grandes produtos é fazê-lo em harmonia com o ambiente, com a natureza e com as pessoas que vivem no local. E nós comprovámos a sua verdade.

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Mas as razões que tornam São Tomé e Príncipe um lugar mágico não ficam por aqui. Com uma cultura extremamente rica, derivada da miscigenação proveniente de diversas regiões de África, Brasil, Holanda, assim como Portugal, o resultado final só poderia dar origem a uma expressão cultural com características muito próprias e fascinantes. A nível de gastronomia há um universo extremamente rico para o palato, em que os atores principais são os frutos da terra, nomeadamente, fruta-pão, malagueta, quiabo, fuba, gimboa, mandioca, batata-doce, matabala, banana-maçã, banana-prata, banana-ouro, banana-pão, entre outras iguarias de “chorar por mais”.

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Aqui é incontornável falarmos da mítica folha de micocó, tão presente na cultura e na culinária, a ser usada em infusão como afrodisíaco no calor da noite tropical…

Um verdadeiro ex-libris para os locais e para os turistas curiosos.

Quem não se recorda do programa televisivo “Na Roça com os Tachos”? Também transformado em livro, deu à culinária do arquipélago uma enorme notoriedade graças aos famosos pratos do enigmático Chef João Carlos Silva.

A paixão pelos tachos está-lhe no sangue, assim como o encanto pela cultura.

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Fundador e mentor de espaços culturais como a Teia de Artes e CACAU, e presidente da Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, João Carlos Silva é a alma da Roça de São João dos Angolares  (uma pousada dedicada ao turismo gastronómico, cultural e ambiental). Aqui, podemos constatar com os nossos próprios olhos e palato a irreverência deste ser humano incrível que faz magia com os tachos. Aos jovens locais, dá-lhes formação e disciplina para se tornarem autónomos e recriarem uma verdadeira cozinha de autor. Nós fizemos a experiência da degustação e simplesmente ficámos rendidas.

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Já a imagem que nos envolve é, sem dúvida, umas das características mais diferenciadoras e encantadoras deste paraíso na terra. Cada praia, cada roça e cada cena quotidiana a implorar por uma fotografia. A simpatia do povo é de cortar a respiração, assim como as cores e a nitidez da luz que acentuam uma beleza pura, como em poucos lugares no mundo.

Outros caminhos vão dar à vasta biodiversidade presente em São Tomé e Príncipe. Estas pequenas ilhas cumprem com o fascínio de inúmeros naturalistas, uma vez que, isoladas do resto do mundo, permitiram gerar espécies únicas que não se encontram em mais nenhuma parte do globo. Em 2012, a UNESCO declarou a ilha do Príncipe como Reserva da Biosfera Mundial.

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Quanto ao universo das flores, é importante referirmos a beleza das orquídeas são-tomenses, assim como enaltecermos a flor tropical mais cobiçada do país: a rosa de porcelana. Existem poucas como ela.

Last but not least, a alegria pura e verdadeira deste povo foi, sem dúvida, uma lição de vida e uma autêntica dádiva. Nunca esquecerei o lema de vida de São Tomé e Príncipe: “Leve-leve”.


© aidnature

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