QUEM TEM MEDO DE RESPONSABILIDADE AFETIVA?

Quero começar este artigo a contar-te uma coisa que talvez ainda não saibas, ou não consigas aceitar, como escreveu o  francês Antoine de Saint-Exupéry, no clássico O Pequeno Príncipe, “És responsável por aquilo que cativas”, de bom e de mau.

IIsso significa responsabilizar-se pelo que se provoca no outro, não pela idealização que a pessoa cria, mas pela forma como está a passar aquilo que deseja, sendo este um conceito que se estende a todas as relações humanas, não apenas as românticas.

Um exemplo bem atual são casais que partilham a guarda de seus filhos, onde um deles está sempre indisponível, mas ao invés de ser honesto sobre o seu tempo, promete que irá buscar o filho, mas não aparece. Não se dá ao trabalho de enviar uma justificativa, porque sabe que alguém que não é ele, irá lidar com essa responsabilidade afetiva de fazer a criança se sentir bem. Terceirizando a sua responsabilidade tirando de si mesmo a obrigação e a culpa.

Outro exemplo bem atual são as relações, onde a pessoa mesmo procurando por relações casuais insiste em fingir interesses mais profundos e terminam por prometer, viagens, conhecer a família e outras coisas que não vão acontecer, se isentando também da responsabilidade de ser honesto consigo mesmo e com o outro. Ou simplesmente dão o famoso  ghosting – “o término repentino de uma relação sem deixar explicação”!


São muitas pessoas a tirar proveito das possibilidades de interpretação da comunicação moderna, para ser irresponsável afetivamente.

Segundo o psicanalista Christian Dunker, autor do livro A Reinvenção da Intimidade: Políticas do Sofrimento Quotidiano”: estamos a viver uma fase de fluidez relacional”.

O psicanalista tem estudado as relações modernas nos últimos anos, onde fala sobre o colapso das relações afetivas ao se colocar em um número maior de relações do que se pode conduzir.

A pessoa responsável afetivamente deve ser ética, agir de acordo com a sua real intenção, sem manobras de poder deliberadas. Colocar-se no lugar da outra pessoa, ou seja, ter empatia.

Se conseguir praticar esse exercício, automaticamente tomará mais cuidado com as suas acções, palavras e promessas, evitando grandes frustrações.


Afinal vivemos num universo onde a única lei infalível é a Lei do Retorno.

A série Sex Education da Netflix, aborda bem esta temática, em diferentes âmbitos das relações humanas (mas como aqui na Baiga não tem spoiler), vale a pena conferir!


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