“As autoridades do Talibã anunciaram no passado dia 20 de Dezembro de 2022, a proibição do acesso de mulheres à educação universitária, no Afeganistão por tempo indeterminado.”
A proibição aos direitos das afegãs à educação e liberdade foi anunciada numa carta assinada pelo ministro do Ensino Superior, Neda Mohammad Nadeem, enviada a todas as universidades públicas e privadas.
“Recomenda-se que implementem a ordem de suspender a educação das mulheres até novo aviso”.
© Isabel Nolasco
Desde que o grupo fundamentalista islâmico recuperou o controle do Afeganistão em agosto de 2021, as universidades viram-se obrigadas a implementar novas regras, entre elas a segregação por género nas salas de aula e nas entradas dos edifícios.
Além disso, as estudantes apenas podiam ter aulas com docentes mulheres ou homens idosos.
A maioria das adolescentes de todo o país já tinham sido proibidas de frequentar o ensino médio, o que limitava seriamente as chances de ter acesso à universidade.
Na época, o Conselho de Segurança da ONU condenou as crescentes restrições aos direitos das mulheres no Afeganistão impostas pelos Talibãs e pediu ao grupo fundamentalista islâmico para reverter imediatamente as medidas.
© Isabel Nolasco
Já no dia 24 de janeiro do ano em curso, Dia Internacional da Educação. Data dedicada às mulheres e meninas do Afeganistão.
Em mensagem, o secretário-geral António Guterres pede que os sistemas educacionais possam apoiar sociedades igualitárias, economias dinâmicas e os sonhos ilimitados de todos os alunos do mundo.
Guterres sublinha que o momento actual é para acabar com todas as leis e práticas discriminatórias que dificultam o acesso à educação, citando a realidade vivida pelas afegãs.
A mensagem encoraja também os países a colocarem a educação no centro das preparações para a Cimeira dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, marcada para este ano, e para a Cimeira do Futuro em 2024.
Segundo as Nações Unidas calcula-se que 2,5 milhões das meninas afegãs em idade escolar e mulheres jovens estejam fora da escola e cerca de 1,2 milhão perderam acesso a escolas secundárias e universidades após a decisão das autoridades.
Em todo o mundo, estima-se que cerca de 244 milhões de crianças e adolescentes estejam fora da escola. Pelo menos 617 milhões não sabem ler nem resolver exercícios de matemática básica.
As Nações Unidas calculam que 40% das meninas na África Subsaariana tenham ensino elementar completo. Cerca de 4 milhões de crianças e jovens refugiados com direito à educação estão fora da escola.
O grupo Talibã voltou ao poder no Afeganistão em agosto de 2021, após uma retirada caótica das forças da Otan lideradas pelos EUA. Anteriormente, o regime fundamentalista islâmico esteve no controle do país entre 1996 e 2001.
Com o retorno ao poder, desta vez, o grupo prometeu regras mais moderadas àquelas impostas até o início dos anos 2000, respeitando os direitos das mulheres e das minorias. Apesar das promessas, os talibãs implementaram no país a sua interpretação estrita da lei islâmica, a Sharia.