PORTUGAL NÃO É UM CINZEIRO!

Portugal não é um Cinzeiro” é um projeto/campanha, submetido no Orçamento Participativo de Portugal, com o âmbito de alertar as consciências e apelar à sensibilização da população para as consequências da colocação indevida de beatas no chão. Tal acontecimento não é surpresa, uma vez que a juventude de hoje em dia está muito voltada para a ecologia, para o slowliving e para a sustentabilidade, em prol de um mundo melhor e da preservação do ambiente. Movimentos como este nascem, crescem e ganham “peso” todos os dias.

Não é novidade para ninguém que as ruas de Portugal, desde há muitos anos, são “decoradas” por beatas pelo chão. É, de facto, um problema que atinge proporções mundiais, o que leva a uma necessidade de mudança profunda e urgente.

Ricardo Rodrigues, que iniciou esta campanha com a sua esposa e filhos, faz expedições com os mesmos para limpar as ruas, servindo de exemplo para todos nós. De acordo com Ricardo “este projeto deve ser abordado de duas diferentes formas: através de voluntários e de educadores”.

A razão de as beatas serem um mal grave para o ambiente, remete para a sua composição, uma vez que “o filtro do cigarro é feito de acetato de celulose, um tipo de plástico que pode perdurar no ambiente por tempo indeterminado”.

De facto, estatísticas comprovam que apenas 38% das beatas, sob certas condições de grande exposição aos elementos, é que começam a perder a sua massa, e só passados dois anos.

© ZEE News

O ambiente não é aqui o único a ser prejudicado, também a fauna marinha sente este terrível impacto, pois os químicos que compõem as beatas são altamente tóxicos, poluindo o mar e afetando os seres que aí vivem.

Em Portugal, segundo a Autoridade Tributária, venderam-se 11 mil milhões de cigarros durante o ano de 2017, e não se estima que este número venha a descer, sendo que o problema se agrava todos os dias. Devido à Lei do Tabaco de 2007, os fumadores deixaram de poder fumar em espaços fechados, para salvaguardar as pessoas que não fumam e não têm qualquer intenção de serem atingidas pelo fumo. Tal medida levou a que os fumadores, obrigados a fumar na rua sem local onde colocar as suas beatas e sem qualquer tipo de informação sobre as consequências dos seus atos, se limitem a atirar as beatas para o chão.

O projeto “Portugal não é um Cinzeiro” tenta, assim, combater os danos causados durante todos estes anos de incúria e impedir que tal continue a acontecer.

Para tal, o mesmo tem como pontos essenciais:

  • Criar uma campanha que sensibilize a população sobre o impacto que as beatas causam no ambiente;
  • Colocar cinzeiros em locais de grande fluxo de pessoas;
  • Distribuir folhetos informativos alertando a população que ainda não tem esta consciência dos impactos negativos causados pelas beatas, assim como angariar voluntários para a limpeza dos locais de maior impacto;
  • Colocar cinzeiros em redor de espaços como hotéis, restaurantes e cafés, etc.

“Portugal não é um Cinzeiro” está presente no Facebook, onde são publicadas informações sobre os danos causados pelos cigarros, assim como as fotos das limpezas das beatas nas ruas. São seguidos por 215 pessoas e pretendem que seja espalhada a palavra pelo maior público possível.

Segundo o Ricardo, os voluntários são, na sua maioria, jovens (8 – 12 anos). Os mais jovens aprendem mais rapidamente a importância desta situação e ajudam na criação de uma maior sensibilidade ao assunto em causa.

O orçamento desta campanha é de 150 mil euros e, num prazo de 24 meses, a mesma pretende cumprir todos os seus pontos essenciais e fazer a diferença com a ajuda da população nacional.

© Tobacco Free CA

É um projeto muito recente que aspira a despertar consciências e alertar para o tema, tornando Portugal um país mais limpo e despoluído. Desta forma, precisa da ajuda de todas as pessoas que sejam sensíveis a temas ambientais e ecológicos e que saibam que, de facto, existe esta verdadeira preocupação social.

De momento, ainda não existe forma de as beatas serem recicladas, mas Ricardo Rodrigues continua a investigar possíveis soluções.

Na minha opinião como não fumadora, respeito as diferenças. Mas, como todos os cidadãos, sou afetada pelo cheiro, pela degradação do ambiente e da qualidade de vida. As ruas de Lisboa estão cobertas de beatas e pastilhas elásticas, o chão da calçada portuguesa é decorado com esta sujidade.

Mas tudo isso pode mudar.

Todos temos a possibilidade de ajudar Portugal a tornar-se “limpo” novamente.

PUB