“Online offline” é o título da mostra colectiva de jovens – mulheres artistas, patente no Shopping Fortaleza, em Luanda, até ao dia 17 de Março.
Com curadoria de Thó Simões – a iniciativa artística reúne nomes como Oksanna Dias, Liana Raimundo, Rose Makanda e Leandra João – como forma de protesto às desigualdades de género e violência contra as mulheres.
A mostra reúne sete peças artísticas de Liana Raimundo, Rose Makanda e Oksanna Dias, enquanto a artista Leandra foi responsável por uma performance incorporada na exposição, designada “A Força da Mulher”.
Nas peças, as pintoras exploram ao máximo a importância da libertação das consciências na sociedade angolana. Liana Raimundo, por exemplo, apresentou os quadros “Opressão” e “O Sorriso da Liberdade”.
Na primeira, a artista aborda as injustiças que algumas mulheres vivem no relacionamento conjugal. Às vezes, explicou Liana Raimundo, as mulheres suportam a violência somente devido à pressão da família.
Por outro lado, a peça “O Sorriso da Liberdade” trata da mulher que, felizmente, consegue libertar-se da opressão, com vista a valorizar-se na busca de uma vida plena.
Liana Raimundo resumiu que pretende incentivá-las a libertarem-se da opressão, porque, no final, a vida é apenas uma e deve ser vivida com dignidade.
© Mello Silva
Já a artista Rose Makanda apresentou as obras “Hipocrisia Selectiva” e “Utopia do Amor”. Na primeira, a pintora emergente aborda sobre as mulheres que já foram vítimas de exposição de vídeos ou fotos íntimas na Internet.
“Quando se trata de uma mulher com um posicionamento social elevado, a mesma acaba por ter o acolhimento da sociedade, por isso muita gente pressiona para que os vídeos sejam removidos da Internet”, disse.
Por outro lado, continuou, se for uma mulher de classe inferior, é censurada como se não tivesse dignidade.
Segundo Rose Makanda a sociedade deve ser imparcial e tratar dos casos, sobretudo daqueles que requerem maior sensibilidade, com compaixão.
Na “A Utopia do Amor”, a artista expõe as mulheres que se encontram em relacionamentos tóxicos, e, mesmo assim, sentem-se na obrigação de permanecer no casamento ou namoro, por acreditar que podem ajudar a mudar o comportamento do parceiro.
Rose Makanda não concorda com a posição das mesmas, porque muitas mulheres acabam por, infelizmente, saírem gravemente feridas psicologicamente da situação. Por isso, desencoraja as mulheres a submeterem-se a homens que não as tratam com honra e respeito.
Já Leandra João, foi responsável por uma performance de Spokenword envolvente e inspiradora. Leandra compartilhou histórias emocionantes de superação e empoderamento.
Uma narrativa especialmente tocante foi a jornada de uma jovem que enfrentou o preconceito por sua magreza, encontrando força e liberdade para ser ela mesma. A performance de Leandra complementou toda a narrativa da exposição.
“Estudante da lavra” é o título de uma das obras da artista Oksanna Dias que retrata a dificuldade ao acesso à educação, levando as crianças ao TRABALHO INFANTIL.
A artista diz que esta prática é prejudicial para as crianças, porque interfere no desenvolvimento físico e mental das mesmas.
“Sem Escolha” é a segunda obra da artista, a mesma pretende transmitir a ideia de que investir na educação de meninas é investir no futuro de uma nação.
Oksanna afirma que em Angola, ainda existem muitas meninas que nunca frequentaram uma escola ou que por alguma razão a abandonaram em determinado momento da sua vida. Esta situação é preocupante, principalmente nas áreas rurais e na fase da transição para o ensino secundário, onde se regista um número mais elevado de abandono escolar.
Sem dúvida, que todas estas obras merecem o investimento, uma vez que as peças de arte representam uma causa social que não é só identificada como um problema dito de “mulheres”, mas da sociedade em geral.
Para mais informações sobre a venda das peças de arte, o curador e artista Thó Simões poderá esclarecer.
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